Cidades do litoral encontram dificuldades em contratar médicos devido a baixa remuneração


  A pandemia veio para escancarar algo que todos suspeitavam principalmente no litoral do Paraná, a falta de médicos. Esse fato já ocorre há vários anos, mas com o período pandêmico ficou nítido que existem poucos profissionais e quando falamos de médicos especialistas em determinadas áreas como pediatria para atendimento infantil a situação é ainda pior. Mas por que isso ocorre?

Em reportagem a Gazeta do Povo de 2021 Adriano Lago superintendente do Complexo Hospitalar Erasto Gaertner, relata o seguinte:

“Estamos na busca por médicos há 10 semanas, já tentamos até mesmo em grupos de mensagens internacionais, com médicos de outros países da América Latina, e não conseguimos”. 

A instituição tenta montar uma nova equipe de saúde para viabilizar a abertura de mais 10 leitos para a Covid-19 no Hospital Regional de Guarapuava, que é gerido pelo Erasto, mas esbarra na escassez de profissionais. Se nos grandes centro é assim imagine agora no interior.

A dificuldade é geral: governo, prefeituras e hospitais privados de todo o Paraná têm relatado o mesmo problema e apontado para a aproximação do limite da mão de obra especializada. Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), por causa da falta de profissionais, o estado teria capacidade para abrir no máximo mais 300 leitos para o combate à Covid-19. "A partir daí temos um problema sério, que é a falta de médicos, de material humano”

O fim de programas como "Mais Médicos" agravou ainda mais a situação, para se ter ideia a média nacional é de 1,8 médico por grupo de mil habitantes, mas 22 estados estão abaixo desta média e, em cinco deles (Acre, Amapá, Maranhão, Pará e Piauí), há menos de um médico por cada mil habitantes, municípios com baixa arrecadação têm dificuldade em contratar médicos em função de limites salariais.

 
ONDE ESTÃO OS MÉDICOS?

As pesquisas de distribuição médica no Brasil apontam que quanto mais distante dos centros urbanos, menos médicos existem disponíveis para a população. Esse é o caso tanto entre as regiões brasileiras, entre os Estados e, inclusive, entre capitais e municípios de uma mesma unidade federativa.

 
A DISPARIDADE ENTRE CAPITAIS E INTERIOR

Em geral, 55,1% dos médicos estão nas metrópoles, onde vive somente 23,8% de toda a população nacional. Ou seja, aproximadamente ¾ dos brasileiros espalhados pelo território tem menos da metade dos profissionais disponíveis.


A DISPARIDADE ENTRE REGIÕES E ESTADOS


Não é novidade que faltam médicos nas regiões mais distantes das metrópoles, porém, outro fator de forte influência é a distância da Megalópole do Sudeste brasileiro (Rio-São Paulo). Só nos seus quatro estados, o Sudeste concentra 244.304 médicos, praticamente 54,1% do total de profissionais do país


REMUNERAÇÃO BAIXA E FALTA DE CONDIÇÕES DE TRABALHO

Mas o fato mais importante é que esses profissionais não vão sair de centros urbanos onde dispõem de diversas opções seja para trabalhar em clínicas, hospitais, maternidades entre outros para ir a uma cidade do interior onde dificilmente vão encontrar os mesmos atrativos se for para receber a mesma remuneração e isso fica claro com a disparidade que vemos nos dados acima. A maioria das cidades tem limites legais onde ninguém pode receber acima do valor do salário do prefeito do município, o que deveria ser motivo de alívio, na verdade se tornou uma grande dor de cabeça para todos os gestores, pois um médico hoje para atender uma demanda, seja fazendo plantões e atendimentos irá querer receber uma remuneração maior do que receberia em um centro urbano. 

Segundo verificamos no site da Universidade Estácio um médico pode ganhar até R$19.604 o que não conta por exemplo adicionais como insalubridade e também em relação a especialidade do profissional, ou seja um valor que pode chegar até quase R$30 mil reais dependendo do profissional. E como um município pode contar com esses profissionais que são essenciais para a saúde da população? 

Respondendo resumidamente, não existe uma fórmula mágica ou seja é preciso pagar o salário de maneira competitiva e dar condições de trabalho ao profissional. 

Para isso muitas vezes é necessário uma medida impopular que é o aumento do salário do chefe do executivo no caso o prefeito, para muitos que não entendem pode parecer uma ideia altruísta, mas na realidade se faz necessário pelo bem da população para que esses profissionais que salvam vidas, fiquem a disposição de todos, programas para incentivar a vinda de médicos a cidades como do Litoral deveriam ser feitas em conjunto pelos governos estadual e federal não apenas deixando a cargo dos municípios uma responsabilidade que deveria ser de todos.

 

Fontes:  PR tem dificuldades para contratar médicos: saiba os motivos

https://www.gazetadopovo.com.br/parana/parana-tem-dificuldade-de-contratar-mais-medicos/

Quanto ganha um médico?

https://blog.estacio.br/medicina/quanto-ganha-um-medico/

A falta de médicos no interior

https://www.soulmedicina.com.br/noticia/111/a-falta-de-medicos-nos-hospitais-publicos-do-interior-do-brasil/